(Not) On Broadway – The Last Five Years


Off-Broadway.
The Last Five Years é um belíssimo e emocionante musical que nunca chegou à Broadway, justamente por não ter a cara de Broadway – é maravilhoso, inteligente, mas com uma produção apaixonante no melhor estilo que os musicais Off-Broadway apresentam… como [title of show], embora nesse caso seja muito mais de sátira e comédia… encenado pela primeira vez em 2001 por Lauren Kennedy e Norbert Leo Butz (Cathy e Jamie, respectivamente), The Last Five Years ganhou uma série de outras produções e agora há planos de uma adaptação cinematográfica.
Com a qual eu não acho que vá me dar bem.
Eu amei o musical por sua história. Acho que eu devia saber que o cerne de tudo seria triste, pela maneira como a história é organizada, mas talvez eu não tenha imaginado tanto… mesmo sem ter nada a ver, eu me lembro de A Mulher do Viajante no Tempo, só pela história não-linear, mas a peça começa e termina triste, e mesmo aquelas músicas que não seriam tristes são pontuadas por momentos melancólicos… como o “feliz” Goodbye Until Tomorrow que fica ecoando na minha cabeça até agora, com lágrimas em meus olhos.
The Last Five Years, como o próprio título já diz, é a história de amor de Cathy e Jamie ao longo dos últimos cinco anos de sua vida. Mas é contada de maneira peculiar: quando começamos, conhecemos Cathy no fim de seu relacionamento, triste e indo embora, enquanto Jamie está super contente após o primeiro encontro com sua amada. A história é então contada alternando os dois personagens, enquanto Jamie segue o rumo da história, e a parte de Cathy é contada na ordem cronológica inversa, vindo do fim do casamento até o primeiro encontro. É bastante interessante.
Jamie é um novelista com a carreira em ascensão (as cenas mais contentes de suas vitórias são paradoxalmente deprimentes, em comparação ao que já sabemos do futuro daquele relacionamento, e como a mesma situação muda de prisma totalmente ao longo dos anos) e Cathy é uma moça lutando para ser atriz. Da mesma maneira que a história de amor dos dois vão em direções contrárias, assim também vai suas carreiras… e as duas histórias apenas passam por um momento de intersecção, que é a cena no parque, linda. E então começamos a encaixar todas as peças…
A estética é belíssima. Eu fiquei apaixonado pela inteligência e pela originalidade na hora de escolher como a história deveria ser contada. O musical não é longo (apenas uma hora e meia, infelizmente) e apresenta apenas um ato – mas como é cantado em todos os momentos, parece mais longo. Cathy e Jamie se alternam nas músicas, que mudam de estilo conforme o tempo passa para frente ou para trás, e elas representam bem a identidade e os sentimentos do personagem naquele momento… e também não é fácil de interpretar, com vários momentos em que um finge que o outro está presente.
“Vários” não, praticamente todos. Isso deixa o musical ainda mais intenso. Porque os dois não contracenam, mesmo em cenas compartilhadas – e é quase assustador ver um dos personagens com a luz baixa, sem falas, quase sem se mexer… ou então interpretando de uma maneira totalmente oposta ao que vemos do ponto de vista do outro personagem. Como a maravilhosa briga em If I Didn’t Believe in You, que fica ainda mais triste por vê-la bem, indiferente, ensaiando para sua audição, toda esperançosa – audição que, ironicamente, acabamos de presenciar e não foi um sucesso.
O musical consegue transmitir muita emoção. Em todo o momento da peça, um dos dois está enfrentando diferentes dificuldades no casamento, e Cathy fica com as partes mais tristes, porque a vemos no começo sofrendo e mais tarde toda feliz com o novo amor em sua vida – mas saber o que ela passou, e ver o que Jamie está fazendo, na ordem cronológica inversa… bem, é deprimente. Mas é pura emoção, os atores são talentosíssimos, as músicas são belas e envolventes, a história é muito bem contada… vale a pena ser assistido!
Música, letra e livro por Jason Robert Brown – e ele escreveu esse musical como uma espécie de auto-biografia, de um casamento seu mal-sucedido, mas eu devo dizer que fiquei do lado de Cathy o tempo todo. Enfim, eu não gostaria de ver um filme de The Last Five Years por um motivo muito claro: a simplicidade da produção, com cenário e figurino simples e apenas dois atores no palco… como isso seria transposto para o cinema? Seria mesma coisa que adaptar Spring Awakening, um medo que carrego até hoje. No entanto, paradoxalmente, os atores escolhidos para o filme e as fotos que eu já vi da produção me deixaram ansioso e muito curioso… enfim, recomendado!


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