Dark 1x04 – Doppelleben (Vidas Duplas)


“O começo é o fim, e o fim é o começo”
Eu estou FASCINADO pelo tom dessa série. Sempre comentamos como a série é sombria, e um tanto melancólica, mas eu adoro o suspense que ela cria, e como ela joga informações na forma de questionamentos e alegorias. Quando falamos de Goethe e toda a questão da duplicidade e da simetria, eu só consegui pensar na abertura de “Dark”. Ou então o início mais interessante possível, com uma narração toda misteriosa alinhada com símbolos, tatuagens, jornais… estamos falando sobre Buracos Negros, e sobre como tudo o que “cai” lá dentro some. Mas some para onde? Ou “quando”? “O que há por trás dos buracos negros? Será que o tempo e espaço também desaparecem? Ou o tempo e espaço estão conectados em um círculo eterno? E se tudo que vem do passado foi influenciado pelo futuro?” Intrigante, no mínimo. Bem intrigante.
Tique-taque.
O episódio se divide entre Jonas investigando as Cavernas de Winden, sem grandes avanços, e Charlotte. Gosto do fato de estarmos na Família Doppler com um pouco mais de atenção agora. Enquanto leva a filha, Elisabeth, para a escola, Charlotte para no meio do caminho para “roubar” o chip de uma câmera da vida selvagem, na beira da floresta, em busca de algo, e é interessante como ela investiga, como ela resolve voltar nos últimos 15 anos de registro em busca da identidade do garoto que encontraram morto, e de como ela experimenta uma sensação estranha de que isso tudo já aconteceu antes. Há 33 anos, para ser exato. “As crianças. Os pássaros. Tá tudo conectado, só não sei como”. E a sua busca se confunde entre a profissional e a pessoal quando ela chega a uma travesti para perguntar se o seu marido esteve com ela naquela segunda.
Não esteve.
A situação da família Doppler tem suas reverberações nas filhas. Franziska, por exemplo, está praticamente em surto, e Magnus a segue e a confronta sobre tráfico de drogas, enquanto ela desabafa sobre toda a sua frustração pelo casamento dos pais ter chegado ao fim. Ambos com suas próprias frustrações e buscando sentir algo, Magnus e Franziska fazem sexo na escola, e é uma cena provocante. Mas isso é o de menos. Muito me interessa a parte de Elisabeth no episódio, por exemplo. Charlotte não a busca na escola como prometeu, e o pai também não chega a tempo. Deixada sozinha na escola, ela passa o batom vermelho que roubou da irmã e vai embora a pé, embaixo de chuva, brincando com as poças de água, enquanto acompanhamos aquele velho fugindo do asilo, dizendo que “Ele precisa parar”. Então nós sabemos que algo está por acontecer.
E a edição é brilhante. O roteiro coloca Ulrich Nielsen invadindo a usina, uma vez que Charlotte não lhe conseguiu o mandato judicial de que precisava, e ele acaba cheio de sangue e sem nenhuma informação – e então, na cena do carro, ele confronta Charlotte, e lhe diz que ela não parece entender que seu filho sumiu, e que ela não faz nada porque não é filho dela. Então, num timing perfeito, quando ele pede que ela pare o carro e ele desce na chuva, o marido dela lhe telefona para dizer que “Elisabeth não está na escola”. Nem em nenhum lugar no caminho para casa. O desespero toma conta de verdade quando Charlotte encontra a toquinha de raposa de Elisabeth na beira da floresta, e então parece que temos um novo desaparecimento em Winden, com a angústia tomando conta da cidade em uma trilha sonora fortíssima, mas não é bem isso.
Não foi um desaparecimento como o de Mikkel. Elisabeth volta para casa no fim do dia, sem sua toca, e diz que “conheceu alguém”. Alguém chamado Noah que lhe deu um relógio de presente, dizendo-lhe que pertencia a Charlotte. É a primeira vez que escutamos o nome. O fim do episódio é inteligente, e nos mostra um homem misterioso mexendo no mapa que Jonas olha constantemente, escrevendo alguma coisa, tentando ajudá-lo, talvez, enquanto Jonas dorme. O velho misteriosa insiste que “Ele precisa parar. Eu preciso pará-lo”, e quando lhe perguntam quem ele precisa parar, ele responde: “Noah”. Por fim, caminhando sozinho no meio da floresta, dizendo que “não é mais criança”, Yasin, o “namoradinho” de Elisabeth é parado por um homem que diz que “Noah o mandou ali”. A tensão cresce significativamente, e não dá para parar de assistir!

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